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Estropiado, mas altivo,
Deu "Oh de casa" na estância
Trazia o pó das distâncias
E um semblante abarbarado,
Olhar de potro indomado
Que nem o tempo maneia.
E algum sinal das peleias
Sofridas pelo passado.
Sentou à beira do fogo
Num silêncio de saudade
E uma estranha claridade
Brotou no peito gaudério
o rosto, a pouco tão sério
Abriu um sorriso largo
E na paz de um mate amargo
Falou, sem sobra ou mistério:
-De onde eu venho, hermanos,
Restou bem menos que nada.
Por isso ganhei a estrada
Atrás de um mundo mais são;
Na vida, marquei as mãos
Terceando o aço da fome ...
Sou mais um índio sem nome
Buscando um naco de chão!
-Me vim rastrear as verdades
de uma paixão redomona
que vive em ranchos de lona
E ostenta rubras bandeiras;
São almas livres, parceiras
Campeando algo melhor
Semeando a sangue e suor
Um amanhã sem fronteiras!
São homens, prendas, crianças
Buscando um rumo na vida,
Travando lutas renhidas
Correndo largas distâncias ...
Atrás dos sonhos e ânsias
Que em cada alma resistem
Pois não há nada mais triste
Que um tempo sem esperança.
-Agradeço o mate bueno
E esse naco de atenção,
Mas trago no coração
Um furor maior que as eras ...
Renascerão as taperas
Na luz de um sonho maduro
E eu já vou, rumo ao futuro.
Que o novo mundo me espera!
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This song is from the CD
Songs Embracing Dreams

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